quarta-feira, 31 de agosto de 2016

FELICIDADE - POEMA LIVRE



















 








FELICIDADE - Poema livre -


FELICIDADE
por Mauro Martins Santos em 12 agosto 2016

Cada nascer do dia recebido no coração,
É um precioso acontecimento de felicidade.
Não valoramos este ato de emoção
Nem damos graças a Deus com humildade.

Em cada sorriso, cada saudação,
Você possa o maior milagre contemplar
“O dom da vida” ofertado como benção;
E se alegre agradecendo ao Pai em oração.

Não faça de seu viver algo comum nem banal,
Só por tê-lo todos os dias de sua vida;
Faça dele sua maior riqueza, algo especial,
Pois a todos virá o final após a “etapa vencida”!

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

RETRATO


RETRATO



Há uns efeitos visuais culpados do embargo de nossa alma...
O espelho, 

que embora ao inverso de nossos traços físicos,
não é  das profundezas o amargo reverso jamais...

Ele - espelho meu, ou teu, 
é incisivo e sincero...demais!

Mas a vilania que nos causa as lágrimas 
dos recônditos do espírito é o retrato.

Ai, o retrato... 
esse aprisionador de congeladas imagens.

Disse um poeta:
"Um frio nos percorre o corpo ao propósito de fitá-lo
Tenho mais saudade de ti em teu retrato 
do que a tua ausência em meu recato".

Vejo-te imóvel e inerte, embora estejas 
pulsante e contígua a meu lado.

Estranha sensação, que aciona dorida Saudade,
de um bem já ausente 
embora estando presente.

Preciosa obra de inigualável fotogenia,
um retrato envolvido em melodia,
só ressalta a essência de nossas emoções:

Saudade.

Mauro Martins Santos, 

Outono de 2016




FELICIDADE [CRÔNICA ]

PROSA - CRÔNICA



FELICIDADE

Mauro Martins Santos


(...) Para nós as palavras são a mesma coisa que as cores da paleta são para o pintor.
Existem incontáveis delas, e surgem sempre novas, mas as boas palavras, as verdadeiras, são menos numerosas, e em setenta anos de vida não vi surgir nenhuma nova. (...) Entre as palavras existem para cada falante as prediletas e as estranhas, preferidas e evitadas, cotidianas que se usam mil vezes sem temer o desgaste (...) só pronunciamos ou escrevemos com cuidado e reflexão, como objetos raros: fazendo as escolhas que correspondem a essa sua solenidade.
Entre elas está para mim a palavra Felicidade. [Hermann Hesse]


Penso às vezes que a maioria de nós empenharia todas suas forças,  jogaria todas suas cartas para ter o lampejo brilhante da tão sonhada Felicidade. Nos dias frios, solitários, ruas vazias e o tom cinza do céu sem o sol reconfortante é a morada da tristeza em nós.
O vazio da vida se torna evidente, tentamos de todas as formas recolher em nosso entorno algo que nos alimente a esperança, traga-nos alegria. Tomamos de um livro, percorremos as linhas e as letras e não formamos juízo do que lemos, o pensamento divaga e não se firma no objeto que oferecemos a nós mesmos.
Eu particularmente na juventude e até a maturidade, já cheguei a pensar que se tivesse muito dinheiro não compraria a Felicidade que é abstrata, mas compraria objetos de meus sonhos, que me fariam feliz.
Compraria uma propriedade nas montanhas - já que adoro montanhas - outra na praia para os membros da família que adoram o mar, viajaria muito, conheceria muitos países e as esquinas do mundo. Buscaria todo entretenimento possível, buscaria sempre os melhores restaurantes, teria todas as mulheres que fariam minha cabeça, enfim nada de trabalho, só diversão.
Mas era jovem, muito jovem, para ter visto a crueza da realidade e as fronteiras com o território da verdade.  Ainda não havia percebido, vislumbrado e sentido que a felicidade é feita de momentos; sim, não há filosofia nesta afirmação, mas nua e crua realidade.
A Felicidade, tão cobiçada rainha, é uma hóspede que visita o hotel da argamassa de nós mesmos. Temperamental por natureza e inconstante por conformação, muito embora seja uma nossa imensa querida, e, adorada amiga amante...
Já se disse que sempre a pomos onde nós queremos e nunca a pomos onde nós estamos. Ela é uma pluma muito leve, um lampejar volátil e fugaz, por ser um estado de espírito sumamente impossível de se medir sua intensidade, tamanho e duração. Quando ela resolve ir embora ou mesmo não ter ficado, arruma ou pega suas malas e se vai. Para onde? Ninguém sabe. Quando volta? Daqui a muito, muito tempo, ou imediatamente está de retorno.
Isto tudo porque quem é o inconstante, fugaz e fraco gerador de condições propícias para cativar a Felicidade, sou eu, você, somos nós mesmos. Não sustentamos com tenacidade o campo de força de atração, titubeamos e a deixamos ir embora para depois chorar.
Raimundo Corrêa em sua poética escreveu:
Aparências
Se pudesse o espírito que chora/Ver através da máscara da face,/Quanta gente, talvez que inveja/Agora nos causa, então piedade nos causasse.

Razão pela qual muitas vezes, julgamos feliz quem mora em uma cidade litorânea, por ter todos os dias o mar e a praia a seus pés... Perguntei a uma jovem e bonita mulher funcionária do restaurante de um hotel: - Você vai sempre à praia que está a apenas um quarteirão daqui não vai? Ela me respondeu: - Faz cinco anos que não piso na praia, eu tenho quatro crianças, que crio sozinha, tive que abandonar o marido por motivos de prisões dele por drogas, bebidas e mulheres, e por me espancar, moro a nove quilômetros fora da cidade que percorro de ônibus ou a pé quando não tenho dinheiro para a passagem... Mudei de assunto e a abençoei espiritualmente, indo para a mesa almoçar e meditar.

Por esta razão é que a felicidade passa por nós por breves momentos. Eu feliz na praia, de férias sendo servido por aquela moça, que nem em sonho imaginava sua vida real.

Fiquei infeliz. Até que outro momento, outra brisa me trouxesse um pouco de possível felicidade.


Então quando jovem se pensava daquela forma, mais à frente com a chegada dos anos, fui vendo com a própria vida que nem tudo é como parece. Raimundo Corrêa foi citado e escrito, para sintetizar o muito que poderia ser dito sobre a Felicidade e as aparências que nos levam ao erro de ações, omissões e pensamentos.

Enquanto procuramos a felicidade além dos horizontes, pode ocorrer de a perdermos dentro de nós mesmos.

Cheguei à definitiva conclusão, que não quero mais os sonhos da juventude, e no fundo como era eu mesmo, nunca quis de verdade, apenas me iludia - se tivesse um iate ou um grande barco há muito o teria vendido, visto que os cruzeiros que fiz, nos maiores navios de turismo, só me serviram para nunca mais os fazer. Mal estar que me impediu, de usufruir a viagem...  Casa na praia que foi constantemente furtada em todos os meus pertences, até que cheguei ao ponto de vendê-la. E a idade que atinge a todos e vai limitando a vontade de ir a lugares muito distantes. O que antes era uma viagem ou caminhada de prazer, hoje é um sacrifício.

A felicidade tem muito a ver com nosso lado animal, vamos delimitando nosso “território” pontuando-o com os lugares, recantos e lazeres que mais apreciamos e que fomos filtrando durante a vida, dirimindo os complicadores. Sejam aqui ou em lugares no estrangeiro. Daí - pelo menos para mim - a felicidade é fatiada, mas cada fatia tem uma boa e considerável duração feliz. Temos ou nos oferecemos o direito sagrado [e abençoado] da escolha.

Acabamos por ver claramente que à medida que avançamos em anos na vida, precisamos cada vez menos de bens materiais; cada vez menos de ostentação, queremos casas menores e mais confortáveis do que grandiosas. Descobrimos que a maior riqueza está na família que nos abraça e nos ama: filhos, netos - que alegria poder ver os netos crescer filhos de nossos filhos.

Quando mais novos dizíamos : “Netos nos dão duas alegrias, quando chegam e quando vão embora”. Hoje confabulo com minha mulher: - Parece que são nossos... E são os filhos que os estão levando embora de nós.

A felicidade, escreveu Hermann Hesse - em outras palavras, mas nesse sentido: “pode-se vislumbrar a silhueta que aos poucos se define na alameda do grande jardim da casa antiga, e se nos avizinha como sendo ela, nosso grande e velho amor. Momento feliz.”

De outra feita, “quando menino um estranho momento de repentina felicidade, em acordar e sentir a fria aragem vinda da grande janela dos fundos do andar superior do casarão da avó, e poder esticar-se na cama, e naquele domingo puxar o cobertor e se aquecer no fofo colchão e travesseiro brancos. Ver a luz do sol como se nunca a tivesse visto antes e olhar a cumeeira dos velhos casarões e suas telhas enegrecidas, o mais próximo com uma única telha de vidro como um prisma levitando a emitir tons de cores azuladas, filtrando o sol contra o azul do céu da manhã. Só soube explicar isso - que parece absurdo - com uma palavra: Felicidade.” (Livro Felicidade, de Hermann Hesse, Record - Rio de Janeiro)

Quando se alonga a vida em anos, uma pequena ausência nos parece uma eternidade.
E cada retornar é um desejo de permanecer o mais que puder juntos, de ficar sem a perder-se de vista. É a silhueta que retorna pela alameda do jardim.

As pequenas coisas, uma coleção de canetas tinteiro, olhadas, escolhida uma para uso, e guardadas as outras até a próxima escolha; “papéis para escrita e desenho de várias texturas, guardadas em um gavetão de um móvel comprado em uma casa de antiguidades...”. Neste estágio percebemos que a felicidade está em toda parte, como a lenda judaica “dos olhos que nos observam das frestas e por debaixo das pedras”; creio que falavam dos olhos da felicidade, que é ela que nos encontra quando estamos distraídos e despreocupados como crianças a brincar.

Rubem Alves - nosso grande e injustiçado escritor, teólogo, professor, psicanalista, imenso educador e poeta de todas as horas - dizia que encontrava a felicidade ao caminhar, nos pássaros, olhando as árvores. Sua felicidade saltava no peito ao ver um ipê amarelo todo florido, sentir o cheiro vindo dos vegetais, da terra molhada. Levava consigo sempre um caderninho e uma caneta. Toda essa visão ainda que delimitada ao seu caminhar era motivo para ser anotada e transformada em livros ditados por sua criatividade e mente privilegiada de homem feliz.

A visão da morte não lhe afetava em nada; dizia sentir tristeza, “não por deixar a vida física, mas a vida sensorial, a que vê as belezas das flores, dos pássaros, das crianças.” Talvez por isso tivesse dito: “ E quem é Rubem Alves?”. Um menininho respondeu: “O Rubem Alves é um homem que gosta de ipês amarelos...”. A resposta do menininho me deu grande felicidade. Ele sabia das coisas. As pessoas são aquilo que amam.


Suas cinzas, de acordo com sua vontade, seus filhos espargiram ao pé do tronco de seu grande ipê amarelo, que plantou ainda uma mudinha, em sua própria homenagem, em seu sítio em Pocinhos do Rio Verde-MG - já que era um bom mineiro nascido em Boa Esperança lá nas Minas Gerais.


sábado, 27 de agosto de 2016

POEMA DO SALMO XXIII



POEMA DO SALMO XXIII

O Senhor é o meu pastor
e eu sou a sua ovelha.
Nada ele deixará me faltar,
pois de mim ele vai cuidar
todo dia sem cessar.
Ele me faz deitar
em pastos verdes
e me conduz às águas
calmas e tranquilas.
Ele refrigera a minha alma,
com sua voz me acalma
e me guia por caminhos de justiça
por amor do seu nome.
Ainda que eu venha a andar
por vales que me levem à morte,
com sua mão bem forte
e com seu cajado e o seu cuidado
ele me protege e me consola.
Ele prepara uma mesa perante mim
na presença dos meus inimigos.
Ele unge a minha cabeça com óleo,
e enche o meu cálice o qual transborda.
A sua bondade e a sua misericórdia
hão de me seguir todos os dias da minha vida,
e habitarei na sua casa
por longos e maravilhosos dias.
14-08-2016. *Cícero Alvernaz 
*Confrade na Academia Guaçuana de Letras - Moji Guaçu-SP-Br.

MACHADO DE ASSIS, POETA

SÁBADO, 27 DE AGOSTO DE 2016

MACHADO DE ASSIS, POETA.

Machado de Assis



É considerado o maior escritor brasileiro da língua portuguesa. Muito conhecido por seus romances, especialmente "DOM CASMURRO".

Porém, é pouco comentado por seus poemas.
É, sem dúvida, de toda valia a este espaço cultural registrar estes versos do grande brasileiro MACHADO DE ASSIS.

Com mais razão ainda, se os versos falam do nosso motivo principal: AMIZADE.


BONS AMIGOS

Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!
Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!

[Machado de assis]

_________________________

Os dez escritores mais citados pelos especialistas estrangeiros consultados na pesquisa realizada pelo Itaú Cultural são os seguintes:
 1-      Machado de Assis
2-      Clarice Lispector
3-      Guimarães Rosa
4-      Graciliano Ramos
5-      Jorge Amado
6-      José de Alencar
7-      Manuel Bandeira
8-      Moacyr Scliar
9-      Rubem Fonseca
10-  Drummond de Andrade.

Em: Jornal do Comércio, Sexta-feira e fim-de-semana 29-30-31 de maio, Caderno C, página 5.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

NO SILÊNCIO DE TUA PRESENÇA






NO SILÊNCIO, TUA PRESENÇA


Bem dentro de ti,
Depois da esquina da alma,
Há o cantinho onde podes guardar
Tudo de teu em secreto,
Onde sempre haverá o lugar,
Onde tu poderás descansar
A mente inquieta e encontrar
No conforto de um afeto,
A doce paz no teu silêncio.
Quando puderes sentir,
Um caminho repleto de luz
Procure além dele
Algo que te permita
Ser levado pela brandura;
Não ouvirá som nem signo explícito
Que reflita o teu caminho.
Contudo não te perderás,
Pois clara certeza terás
De que ali presente estará
A Unidade de todas as coisas
Que são eternas e infindas.
Aos poucos tu irás
Sentir por imenso,
Que te guia uma Força,
Algo muito mais intenso
Que teu próprio coração!


domingo, 21 de agosto de 2016

FOTÓGRAFO FAZ FOTO INSTANTÂNEA: FURÃO DE CARONA EM PICA-PAU


CURIOSIDADES
Fotógrafo flagra furão de carona em pica-pau - 3 março 2015

Image copyrigh - MARTIN LEMAY





















Esta foto flagra o momento em que um furão pega carona no voo de um pica-pau. A imagem foi feita em um parque em Londres pelo fotógrafo amador Martin Le-May.
Ele acredita que o mamífero atacou o pássaro, que decolou no susto, levando consigo o passageiro.
"O pica-pau estava saltitando estranhamente como se estivesse pisando numa superfície quente... O pássaro voou sobre nós e um pouco em nossa direção; de repente, ficou óbvio que ele tinha um pequeno mamífero nas costas e que essa era uma luta pela vida", disse Le-May.
A dupla aterrissou a cerca de 25m do fotógrafo, que disse ter temido pelo pica-pau.

Mas a sua presença pode ter distraído o mamífero predador, que desapareceu na vegetação. O pássaro escapou com vida.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

NOITES DOLOROSAS





NOITES DOLOROSAS

As noites me são todas mui dolorosas,
Insossas como num despropósito vivo:
Saudade esculpindo estátua enganosa
Nos salões escuros do bojo do Tempo.

Clamo pelo sono vir nas asas de Pégaso.
Ouço um ruflar de asas sem mensageiro,
Revolve-se a alma sólida dentro de mim,
Como fosse alçar o voo rumo ao infinito.

Desprezo a inimiga saudade de meu ser;
Pior a nostalgia que possui a cronicidade,
Causa recalcitrante da ausência de viver...

Após tanto venerar-te, ficou apenas a dor
Causa dum eterno autoexílio sem distância,
Banido em mim, pelo crime de tanto amor


segunda-feira, 8 de agosto de 2016

O MAIOR NO REINO DO CÉU




Mc 9. 33-37 / Lc 9. 46-48

Versículos 18. 1-6 do livro de S.Mateus da Bíblia Sagrada.

O maior no reino dos céus

1. Naquele momento, os discípulos chegaram a Jesus e perguntaram: Quem é o maior no Reino dos céus ?
2. Chamando uma criança, colocou-a no meio deles,
3. E disse: Eu asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus.
4. Portanto, quem se faz humilde como esta criança, este é o maior no Reino dos céus.
5. Quem recebe uma destas crianças em meu nome, está me recebendo.
6. Mas, se alguém fizer cair no pecado um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe seria pendurassem no pescoço uma pedra de moinho e se afundasse nas profundezas do mar.

Palavras de Jesus Cristo - Bíblia Sagrada, versão Padre João Ferreira de Almeida, atualizada [Séc.XXI]

sábado, 6 de agosto de 2016

VIRAÇÃO



¹VIRAÇÃO
Mauro Martins Santos 
CULTURA REGIONALISTA - RIO GRANDE DO SUL


Achegam lembranças de horas inteiras,
Neste trote chasqueiro de amarga solidão,
Posteiro da saudade no ermo da fronteira,
Faz vaticínio desvalido neste taita coração.

Castelhana desejo teu calor nesta fria viração,
Requebrando e rodando a saia sem me vispar
Não desvizinhes quem te estranzilhou puxirão,
Fico aqui angurreado por um fio de teu olhar!

Amor de abichornado a ti, prenda meu tesouro,
Se aprochegues deste que peleou por semanas,
Teu esperado regalo: o selim vermelho de couro

Aquele teu zaino-pinhão, ficará todo mui pilchado,
Com a guria sem-mais-nada, no selim assentada,
Com este campereador que te ama, a teu lado!

____________________
Poema VIRAÇÃO
¹Termos Regionais do Rio Grande do Sul

Chasqueiro – apressado
Posteiro – empregado que mora em avançado da sede da querência.
Tem como função,  zelar pelas divisas, e reparos gerais.
Taita – grande, forte, muito bom
Viração – forte e rápido nevoeiro nas fraldas e costados das serras,
leva grande perigo a cavaleiros ou pedestres não vivenciados ao 
fenômeno que pode esconder precipícios. Sempre ter um campeiro
como guia.
Vispar – avistar, enxergar.
Estranzilhou - estafou, extenuou, alquebrou
Puxirão – muxirão – mutirão, ajudas mútuas que sempre terminam em festa.
Angurreado, angurr(i)ado – desanimado
Abichornado – triste, aniquilado, macambúzio, abatido
Selim – Sela apropriada para mulheres que cavalgam sentadas na transversal, quando de saias e vestidos, com ambas as pernas de um só lado do cavalo.
Campereador – Trabalhador, ou conhecedor das lides do campo (pampas)

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

APRENDI



APRENDI
Um  dia desses,  na  sala de espera de um consultório médico:
Solta entre as revistas, uma folha de papel...

A curiosidade fez com que a tomasse
para ler o conteúdo. Era uma bela mensagem
que alguém havia escrito.
O título, simples interessante e curioso:
“Aprendi”...
e dizia o seguinte:

Aprendi  

"Que eu não posso exigir
o amor de ninguém,
posso apenas dar boas razões para que gostem de mim e
ter paciência, para que a vida
faça o resto.
Aprendi 

que não importa o quanto
certas coisas sejam importantes
para mim,
tem gente que não dá a mínima
e eu jamais
conseguirei convencê-las.
Aprendi 

que posso passar anos
construindo
uma verdade
e destruí-la
em apenas alguns segundos.
Aprendi

que posso usar meu charme
por apenas 5 minutos...
depois disso, preciso saber
do que estou falando.
Eu  aprendi...
Que posso fazer algo
em um minuto
e ter que responder por isso
o resto da vida.
Aprendi

que por mais
que se corte um pão,
cada fatia
continua tendo duas faces...
e o mesmo vale para tudo
o que cortamos em nosso caminho.
Aprendi... 

Que vai demorar muito
para me transformar
na pessoa que quero ser...
e devo ter paciência.
Mas,  aprendi também,

que posso ir
além dos limites
que eu próprio coloquei.
Aprendi 

que preciso escolher
entre
controlar meus pensamentos
ou ser controlado por eles.
Aprendi...

Que os heróis são pessoas
que fazem o que devem fazer “naquele” momento, independentemente
do medo que sentem.
Aprendi 

que perdoar exige muita prática
e que há muita gente
que gosta de mim,
mas não consegue
demonstrá-lo.
Aprendi... 

Que nos momentos mais difíceis,
a ajuda veio justamente
daquela pessoa
que eu achava
que iria tentar piorar as coisas.
Aprendi 

que posso ficar furioso.
Tenho direito de me irritar,
mas não tenho o direito
de ser cruel.
Aprendi 

e repasso ao mundo,
que jamais posso
dizer a uma criança que seus SONHOS SÃO IMPOSSÍVEIS,
pois seria uma tragédia
para o mundo se eu conseguisse convencê-la disso.
Eu  aprendi

que meu melhor amigo vai me machucar de vez em quando...

E que eu tenho que
me acostumar com isso.

Aprendi

que não é o bastante
ser perdoado pelos outros...

eu preciso me perdoar primeiro.
Aprendi   que,

não importa
o quanto meu coração esteja sofrendo,
o mundo não vai parar
por causa disso.
Eu  aprendi...

Que as circunstâncias de minha infância são responsáveis
pelo que eu sou,
mas não pelas escolhas
que eu faço quando adulto.
Aprendi  que,

numa briga, eu preciso escolher de que lado estou,
mesmo quando
não quero me envolver.
Aprendi

que, quando duas pessoas discutem, não significa que elas se odeiem;
e quando duas pessoas
não discutem,
não significa que elas se amem.
Aprendi  que,

por mais que eu queira
proteger os meus filhos,
eles vão se machucar
e eu também.

Isso faz parte da vida.
Aprendi 

que a minha existência
pode mudar para sempre,
em poucas horas,
por causa de gente que eu
nunca vi antes.
Aprendi 

também que diplomas na parede
não me fazem
mais respeitável
nem mais sábio.
Aprendi 

que as palavras de amor
perdem o sentido,
quando usadas sem critério.
E  que amigos
não são apenas
para guardar no fundo do peito,
mas para mostrar
que são amigos.
Aprendi 

que certas pessoas
vão embora da nossa vida
de qualquer maneira,
mesmo que desejemos
retê-las para sempre.
Aprendi,  afinal,

que é difícil
traçar uma linha
entre ser gentil,
não ferir as pessoas,
e saber lutar
pelas coisas em que acredito. 
Com  essa folha de papel 

eu aprendi

que ainda tenho muito
a aprender em minha vida.
  
      
Com todo meu carinho
para vocês que continuam me ensinando como viver.


      
A Vida é uma obra de arte!"

[Autor desconhecido]



terça-feira, 2 de agosto de 2016

FRANCISCO ALVES - ADIOS MUCHACHOS

TRISTES TARDES - CONFIRAM O AUDIO ADIÓS MUCHACHOS QUE CONTÉM A MELODIA DA POESIA HOMONIMA



COM O ÁUDIO DA MELODIA, DA POESIA INSERIDA
ADIÓS MUCHACHOS, NA VOZ DE FRANCISCO ALVES
[O INESQUECÍVEL CHICO ALVES] PARA OS LEITORES
CONHECEREM A MELODIA.

TARDES TRISTONHAS
[Mauro Martins Santos]
Infatigável é a brisa que balança as folhagens em silêncio
E quer chegar ao jardim onde tento plantar meu cansaço,
Ao lado da florida e lilás saudade onde mora tua ausência.
Nem é tristeza visto o peso dos anos que me leva à velhice
Mais aborrece do que dói nestas tardes. Tristonhas tardes!

As tardes - sempre me foram tristonhas, desde a infância.
Era o ano 1950, acreditem , tinha quatro anos, uma criança...
Mamãe procurando, me encontrou debaixo de uma mesa.
Chorava, soluçava de doer o peito. Era uma tarde tristonha,
Um alto-falante distante tocava a melodia de muita tristeza:

ADIÓS MUCHACHOS
Voz: Francisco Alves

Adiós Muchachos, companheiros desta vida,
Adeus amigos, meus camaradas;
Já chega o tempo de empreender a retirada,
Chegou o dia do adeus, rapaziada;

Adeus amigos, eu me vou resignado,
Sem tristes queixas, sentimentais;
Já terminaram para mim todas as farras,
Meu corpo exausto não resiste mais.

Perfumes do Oriente, alcovas de cetim,
Um riso, um beijo ardente, é o paraíso, enfim;
Mulheres, juventude, amores, alegria,
A vida inteira passa, em louca fantasia;

Há prata em meus cabelos, cansaço em minhas mãos,
No peito eu sinto o gelo, em vez do antigo ardor,
Não há mais sol, há sombras
Nos dias meus,
Adeus rapaziada, para sempre Adeus.


Esta melodia eu ouvi, e vinha de uma quermesse.
Por que um menino de quatro anos triste chorou
Para mim é um mistério o ouvir essa adulta canção.
Inda hoje leva um pouco do sempre que me restou,
Talvez a melodia houvesse lhe tocado o coração...

Para dizer a verdade, ao relembrar-me disto assim:
Um fato isolado, perdido lá na longínqua infância,
Estou fabricando tristezas para plantar num jardim
Abandonado e do esquecimento às vezes retirado,
No doce amargo - a brisa vespertina vem até mim.

Tais tardes tristonhas me levam até hoje para longe 
Na luz que enfraquecia através de cercas e quintais.
Tarde que se foi na fala: “por que choras filhinho”...
Lembro que disse: “A música é muito triste mamãe!”
Que poder  emotivo continha tal fração de tempo?!

O Tempo! Misterioso Tempo; tarde triste, triste tarde,
Que a um menino de quatro anos de vida, emocionou?
É a vez primeira que retrato o fato, de forma literária,
Por ter sido arrebatado pela existência desta melodia!

PUBLICO O ÁUDIO DA CANÇÃO NA VOZ DO INESQUECÍVEL
FRANCISCO ALVES [MORTO EM ACIDENTE DE CARRO] NO
AUGE DA CARREIRA - OUÇAM PARA CONHECER A MELODIA.

[Mauro Martins Santos]

Texto escrito conforme o Novo Acordo Ortográfico .